domingo, 18 de outubro de 2009

As improbidades do índice de produtividade no ecossistema pastoril

O governo, ao invés de aumentar o índice de produtividades agrícola, deveria subsidiar a correção e a adubação do solo na recuperação e renovação das pastagens.
Com os recursos despendidos em desapropriações, muito se poderia fazer na melhoria da capacidade produtiva do solo. Assentar mais gente no campo não constitui forma eficiente de proteger nosso maior patrimônio – o solo.
Esse aumento deveria ser reservado aos casos de necessidade de expansão da fronteira agrícola via colonização rural e, mesmo assim, atrelada ao cooperativismo.
Dever-se-ia abandonar de vez a desapropriação de terras, sob qualquer pretexto.
O ITR (Imposto Territorial Rural), que é o IPTU do campo, deveria estar incidindo na parte da área efetivamente utilizável para a produção rural de renda anual. Não se usariam mais o grau de utilização da terra e o índice de produtividade da mesma para o cálculo do imposto. Em seu lugar seria considerado o tipo da atividade, como no caso das áreas com reflorestamento, horticultura, fruticultura ou plantas extrativistas perenes (como a erva-mate e outras), que seriam isentas do imposto.
É imperativo diferenciar as áreas destinadas às culturas anuais, com imposto maior, daquelas destinadas à criação pecuária, com imposto menor.
Aumentar o índice de produtividade da pecuária de corte a pasto em 0,2 UA (unidades animais) por hectare (UA de 450 kg de peso corporal por hectare) resultaria em um acréscimo de 32 milhões de unidades animais, ou mais de 50 milhões de cabeças a partir da data do decreto. Isto é, se área de pastagem for realmente de 160 milhões de hectares.
O tamanho do rebanho brasileiro teria um acréscimo superior a 30% numa só tacada. Mas o número pode ser outro, pois dados de 2006 apontam a existência de 170 milhões de cabeças, porém não separa o rebanho de bovinos destinados à produção de carne do rebanho leiteiro.
Sem criticar tal medida, se realmente houver aumento dos índices de produtividade, teríamos que importar os animais para atender aos ditames da lei. Entretanto, antes disso, ter-se-ia de avaliar se as pastagens suportariam tal pressão de pastejo.
O aumento da produção de forragem depende da fertilização do solo e também dos tecidos de reservas remanescentes e necessários para a recomposição das plantas forrageiras.
Quando a carga animal causa um desbalanceamento na fisiologia vegetal, o que acontece quando o número de animais é superior à capacidade de suporte da área em uso, o resultado é o consumo total da forragem e se inicia então o processo de degradação do solo, com consequência imensurável e de difícil reversão.
Um sistema que tem sido muito utilizado na recomposição química do solo é o sistema misto lavoura/ pastagem, através produção de grão com o uso de adubação adequada.
A bovinocultura de corte brasileira espera que os índices de produtividades sejam extintos, para evitar o aumento de engorda no coxo e destruir o maior trunfo comercial brasileiro que é produzir proteína animal com qualidade natural a pasto.

COLABORADOR:Celso de Almeida Gaudencio
Engenheiro Agrônomo em Londrina

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